terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

GRAÇA ASSUME PETROBRAS COM FOCO NA GESTÃO


"Temos a escala necessária para ver prosperar a indústria de
bens e serviços no Brasil", disse Graça no discurso de posse
Maria das Graças Foster tomou posse ontem na presidência da Petrobras com um discurso convergente com o que o mercado financeiro previa, confirmando que seu foco será a gestão e que a área de exploração e produção vai receber sua maior atenção. Os que esperavam um afrouxamento da política de conteúdo local em prol de uma aceleração da produção podem se decepcionar. Mais uma vez, a proximidade entre Graça, como prefere ser chamada, e a presidente da República, Dilma Rousseff, foi explícita.

A executiva não conseguiu segurar as lágrimas quando agradeceu à presidente, a quem ofereceu sua "fidelidade incondicional", e ao ex-presidente Lula. Dilma retribuiu ao terminar seu discurso chamando a executiva por um apelido carinhoso: "Boa sorte e conte comigo. Agora é tudo contigo, Graciosa", disse Dilma.

Na entrevista que se seguiu à concorrida posse, que teve até a presença do empresário Eike Batista, do grupo EBX, além de políticos, empresários e dirigentes de outras estatais, a nova presidente da Petrobras disse que a estatal quer aumentar a participação da companhia na produção de etanol e evitou dar prazos para a divulgação do Plano Estratégico 2012-2016, garantindo apenas que não pretende aumentar investimentos. "Quem tem US$ 224,7 bilhões para investir já definiu o caminho para os próximos anos", frisou.

Em seu discurso, Dilma brindou ao fato de a Petrobras ser uma estatal. "[A Petrobras] é estratégica no Brasil e, felizmente, sobreviveu a todos os ventos privatistas. Persistiu, como uma empresa brasileira, sob controle do povo brasileiro", disse Dilma, na sede da companhia. Segundo a presidente, a estatal hoje tem um papel fundamental no modelo de desenvolvimento do país. "É isso que são o Brasil e a Petrobras, dois parceiros."

Essa parceria terá como foco a gestão, garantiu Graça, que fez questão de ressaltar que, como diretora, se sentia também cobrada pelos resultados apresentados pela companhia na gestão de seu antecessor.

Uma das maiores responsáveis pelo baixo desempenho da Petrobras, a nova presidente vai manter a política de preços atual. Graça confirmou que os preços de derivados vendidos no mercado interno terá como foco o longo prazo. "Não podemos repassar a volatilidade do Brent e do câmbio para esse mercado", repetiu uma das frase mais repetidas na gestão de Gabrielli.

A nova presidente antecipou há vários interessados na carteira de ativos que está sendo oferecida pela companhia, da qual a entrada da Cemig na Gás Brasiliano foi o "primeiro exercício" de desinvestimento que prevê obter US$ 13,6 bilhões.

Ela também antecipou que uma das suas metas é aumentar ainda mais a participação da Petrobras no mercado de combustíveis, transformando a empresa na número um do mercado de etanol. Graça também deixou claro que considera importante que um dos maiores temores sobre a política de conteúdo nacional não se torne realidade: que a Petrobras pague mais caro e leve mais tempo para receber os equipamentos de que necessita, atrasando o desenvolvimento da produção de petróleo no pré-sal. "Vamos trabalhar para que não haja possibilidade alguma de que exageros de preço e prazo possam vir a dificultar o crescimento da nossa produção e da prospecção de petróleo e gás."

E garantiu que a estatal vai cumprir seu papel de auxiliar no crescimento do país. Considerou "tolo" esperar que a empresa fique longe de sua responsabilidade para com o progresso nacional. Segundo Graça, uma prova disso seria a aprovação, pelo conselho de administração, da política de conteúdo local e as contratações feitas pela companhia. "Afinal, temos um investimento de US$ 224,7 bilhões e uma estimativa de produção de 6 milhões de barris por dia até 2020. Então, temos a escala necessária para ver prosperar a indústria de bens e serviços no Brasil".

Um dos motivos apresentados pela companhia, na semana passada, para a redução do lucro no último trimestre de 2011 foi a demora em receber equipamentos, mas o então presidente José Sergio Gabrielli disse que o atraso não teve relação com a política de conteúdo local, já que o atraso se deveu a problemas de crédito enfrentados pelos fornecedores das sondas após a crise de 2008.

O ex-presidente da Petrobras se despediu da presidência para seguir carreira política na Bahia. "Dona Canô me chamou, eu vou. Para a Bahia me vou. E viva a Petrobras": estas foram as últimas palavras dele como presidente da companhia. Ele aproveitou o discurso para agradecer ao governador baiano, Jacques Wagner, pela oportunidade de compor sua equipe e participar de um governo que "está levando progresso e democracia" ao Estado.

Fonte: Valor Online



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