quarta-feira, 11 de maio de 2011

Harvard: sim, você pode

Fazer uma pós-graduação na mais antiga e cobiçada universidade dos Estados Unidos, onde estudaram o atual presidente norte-americano Barack Obama e o gênio nerd do Facebook, Mark Zuckerberg: é difícil, mas é possível


Por Simão Mairins, Revista Administradores


Em 1636 nascia, em Cambridge, a New College, primeira escola de ensino superior dos Estados Unidos. Batizada em 1639 como Harvard College, tornou-se a Harvard University em 1780 e é, hoje, uma das mais respeitadas instituições do mundo. Por lá passaram vários ex-presidentes norte-americanos, como Franklin Roosevelt, John F. Kennedy e George W. Bush. Além desses, a universidade recebeu ainda o atual mandatário do país, Barack Obama, e os gênios nerds Bill Gates (Microsofot) e Mark Zuckerberg (Facebook).

Com tanta história e uma galeria de ex-alunos ilustres bem extensa, a Universidade de Harvard só poderia ser, também, a mais cobiçada por estudantes do mundo todo, inclusive do Brasil. Atualmente, 64 brasileiros estão matriculados na instituição, todos em cursos de pós-graduação, sendo que a maior parte deles estuda na escola de negócios, a Harvard Business School.

Pelo pequeno número de brasileiros matriculados - em um universo de cerca de 20 mil alunos - dá para perceber que conseguir uma vaga na instituição não é das tarefas mais fáceis. Segundo o jornal americano Wall Street Journal, até o magnata Warren Buffett foi rejeitado por Harvard. Entretanto, se tem gente que conseguiu, pode até ser difícil, mas não é impossível. Então, como conseguir entrar lá?

"É um grande desafio, mas dá para chegar lá", afirma o brasileiro Pedro Henrique de Cristo, aluno do Mestrado em Políticas Públicas de Harvard. O caminho até a universidade norte-americana foi árduo, conta o estudante. Mas, com um bom histórico escolar e acadêmico e boas experiências, conseguiu atingir seu objetivo.

"É um grande desafio, mas dá para chegar lá", afirma brasileiro queconseguiu
"Pesquisei tudo que eu precisaria fazer para entrar em Harvard e decidi correr atrás. Eu tinha boas notas no colégio e na faculdade. Daí, consegui as cartas de recomendação e fui fazer as provas. Lá, tive um bom aproveitamento, o que me deixou confiante. Mas, mesmo assim, fiquei pensando: fazer mestrado em Harvard? Tem tanta gente que terminou a graduação por lá, o pessoal de Princeton, de Columbia, gente do mundo inteiro", conta Pedro.

Como entrar

Dificilmente, aqui no Brasil, um menino de 12 anos planejaria estudar em Harvard. Mesmo assim, para conseguir uma vaga na cobiçada universidade, é preciso ser bom desde cedo. O currículo acadêmico não basta, na hora de batalhar por uma vaga em algum dos programas de pós-graduação da instituição. Ter boas notas no histórico escolar pode fazer a diferença.

Ter sido um bom aluno, no entanto, é apenas um dos mais básicos pré-requisitos. Nas seleções são exigidos diversos testes, que vão avaliar desde a fluência do estudante postulante no idioma inglês até as aptidões dele para a área de negócios.

"É preciso ter boas notas, fazer as provas do TOEFL, GMAT e GRE, apresentar cartas de recomendação de três pessoas que conheçam seu trabalho. Além disso, você tem de escrever três redações e ter um currículo profissional coerente com aquilo que quer cursar lá", explica Pedro.

Como permanecer

No fim das contas, entrar em Harvard é o mais fácil. Manter-se por lá que é complicado. O primeiro ponto, onde muita gente esbarra, é o financeiro. Estudar em Harvard não é nada barato. Então, se você não é rico (bem rico!), mas, mesmo assim, pensa em tentar uma vaga, apresse-se em batalhar por uma bolsa de estudos.

A despesa anual em Harvard não sai por menos de US$ 45 mil, segundo informações contidas no site do David Rockefeller Center for Latin American Studies (DRCLAS), centro de estudos de Harvard que mantém um escritório no Brasil.

No caso do estudante Pedro Henrique, a despesa total dos dois anos no mestrado será de US$ 140 mil, valor que não dá para cobrir somente com a bolsa que ele conquistou. "Eu consegui bolsa integral da Harvard e também da Fundação Estudar, mas, mesmo assim, tive de trabalhar de professor assistente e pesquisador assistente para fechar as contas", afirma Pedro.

O esforço, no entanto, vale a pena. Ter Harvard no currículo, sem dúvidas, será sempre um grande diferencial. Conhecida por sua diversidade, a universidade é um espaço extremamente fértil para a profusão de ideias e, por isso, um importante instrumento na formação de grandes profissionais, capazes de pensar diferente. Então, vá em frente. Afinal, não há sonho impossível para quem está disposto a lutar para realizá-lo.

Quais são e como funcionam os testes exigidos para entrar em Harvard?

TOEFL

O Test of English as a Foreign Language (em português, Teste de Inglês como uma Língua Estrangeira) é utilizado para avaliar a habilidade do estudante no idioma. A prova é feita ainda no Brasil e a aprovação nela é pré-requisito para admissão na maioria das universidades de países de língua inglesa.  www.ets.org/toefl

GMAT

O Graduate Management Admission Test (em português, Exame de Admissão para Graduados em Administração) é um exame com questões matemáticas e de língua inglesa utilizado para medir as aptidões do estudante na área de negócios. www.gmac.com/gmac

GRE

O Graduate Record Examination é utilizado para avaliar as competências adquiridas ao longo da vida pelo estudante e não tem vínculo com uma área específica de conhecimento. Nele são consideradas variáveis como raciocínio verbal, raciocínio quantitativo e habilidades na escrita. O teste foi criado e é administrado pela Educational Testing Service, que também é responsável pelo TOEFL.

Para saber mais sobre os programas de financiamento oferecidos pela própria universidade de Harvard, visite o site: www.hbs.edu/mba/admissions/financialaid.

Para saber mais sobre as bolsas de estudos da Fundação Estudar, visite o site: http://www.estudar.org.br/.


terça-feira, 10 de maio de 2011

Maricá lança Agenda 21 Local com apoio da Petrobras e da prefeitura da cidade

Projeto Agenda 21 Comperj tem o objetivo de criar e fomentar o desenvolvimento de processos nos 14 municípios sob influência do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro.

Na última sexta-feira (06/05), Maricá lançou a sua Agenda 21 Local, com apoio da Petrobras e da Prefeitura Municipal da cidade. A iniciativa busca contribuir para o desenvolvimento sustentável nos municípios do entorno do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), em construção em Itaboraí.

O lançamento ocorreu no Palladon Festas e contou com a participação do representante da Petrobras e coordenador geral do projeto Agenda 21 Comperj, Ricardo Frosini, além dos coordenadores Locais da Agenda Luciana Andrade, representando o Primeiro Setor (Governo); Vicente Raimundo da Silva, representante do Segundo Setor (empresarial), Izidro Arthou, representando o Terceiro Setor (Organizações Não Governamentais) e Adilson Pereira da Silva, representante do Setor Comunitário.

A Agenda 21 identifica preocupações e potencialidades locais, resultando num Plano Local de Desenvolvimento Sustentável (PLDS) para cada município, abordando itens como educação, cultura, meio ambiente, habitação, saúde, saneamento básico, transporte e segurança, entre outros. Mais informações sobre o projeto e as Agendas Locais estão no site: http://www.agenda21comperj.com.br/.


“A Agenda 21 de Maricá é especial porque passou por diversas etapas. A primeira foi a de sentar e ouvir, com muita humildade, o que cada um tem a dizer. Este livro é a prova de que todos chegaram a um denominador comum, sobre o que deve ser feito.”, afirmou Ricardo Frosini. “Temos um plano de ação a ser executado, que depende da ação de todos. Portanto, é hora de cada um que trabalha com educação, cultura e demais setores pôr as mãos à obra, para que participem desse processo, se dedicando à Agenda 21”, completou.

“Todos os secretários estão engajados em implementar essas importantes ações no município. A população, a sociedade civil e os empresários têm de se unir para conseguirmos uma Maricá sustentável”, destacou uma das coordenadoras da Agenda 21 de Maricá, Luciana Andrade.

O projeto Agenda 21 Comperj tem o objetivo de criar e fomentar o desenvolvimento de processos de Agenda 21 Local em cada um dos 14 municípios sob influência direta ou indireta do Complexo Petroquímico. Além de Maricá, Saquarema, Guapimirim, São Gonçalo, Tanguá, Casimiro de Abreu e Teresópolis, a Agenda 21 abrange os municípios fluminenses de Cachoeiras de Macacu, Itaboraí, Magé, Niterói, Nova Friburgo, Rio Bonito e Silva Jardim, que também irão lançar suas respectivas Agendas até julho.

Fonte: Petrobras - Empreendimentos - Comunicação


Brasil terá nova forma para descarte de lixo em 2012

Processo para instalação da logística reversa envolve governos, empresas e cidadãos.



A partir do segundo semestre de 2012, o Brasil vai implementar uma nova forma de lidar com o descarte de cinco grupos de resíduos. Serão estabelecidas regras fixas para produtos como eletroeletrônicos; remédios; embalagens; resíduos e embalagens de óleos lubrificantes; e lâmpadas fluorescentes de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista. É o começo do processo para a instalação da logística reversa, o principal instrumento da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

A lei 12.305, de agosto de 2010, definiu que na logística reversa todos os fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e cidadãos têm responsabilidade compartilhada na correta destinação do produto adquirido. Sua implementação vai garantir o aumento do percentual de reciclagem no Brasil. Atualmente, o País recicla pouco. Um percentual de resíduos secos que podia atingir a casa dos 30%, não passa hoje de cerca de 13%.

A ideia central é que a vida útil do produto não termina após ser consumido, mas volta a seu ciclo de vida, para reaproveitamento, ou para uma destinação ambientalmente adequada. Outro caminho que vai garantir ao Brasil o aumento da reciclagem é o da coleta seletiva. Além de significar uma economia anual aos cofres da União da ordem de R$ 8 bilhões, o aumento da reciclagem também vai evitar que esses resíduos cheguem aos aterros sanitários.

Grupos - Na última quinta-feira (5), foram instalados cinco grupos de trabalho para implementar este tipo de logística. As cadeias que farão parte deste primeiro grupo são: eletroeletrônicos; lâmpadas de vapores mercuriais, sódio e mista; embalagens em geral; embalagens e resíduos de óleos lubrificantes; e o descarte de medicamento.

Esses grupos de trabalho vão debater e definir quais os tipos de produtos de cada cadeia e os tipos de resíduos que serão submetidos à logística reversa. Foram convidados a participar destes grupos todos os atores envolvidos dentro da cadeia de responsabilidade compartilhada, como importadores, fabricantes, distribuidores, comerciantes, o Movimento Nacional de Catadores de Material Reciclável, representantes dos estados e dos municípios.

Política de logística reversa já inclui a coleta de pilhas e baterias.
 Foto: Agência Senado - Ana Volpe
Os grupos de trabalho serão responsáveis por definir, por exemplo, como será custeado todo o processo e quem vai arcar com ele. A segunda etapa será a elaboração de um estudo de viabilidade técnica-econômica para as cadeias e depois a definição de subsídios para elaboração de um edital onde o governo federal convoca um acordo setorial para cada uma das cadeias. Atualmente quatro setores já implementam a logística reversa: agrotóxicos; pilhas e baterias; pneus e óleos lubrificantes.

Logística reversa - A logística reversa é um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada.

Fonte:  Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República


quinta-feira, 5 de maio de 2011

Preço da cesta básica cai em 14 capitais, mostra Dieese

Fonte: Agência Brasil


O preço da cesta de itens de alimentação apresentou queda, em abril, em 14 das 17 capitais onde o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) fez a Pesquisa Nacional da Cesta Básica. As maiores reduções foram observadas em Salvador (-7,87%), Recife (-3,69%) e Aracaju (-3,36%). Os aumentos de preços ocorreram em Porto Alegre (1,34%), Florianópolis (0,91%) e São Paulo (0,35%).

O custo da cesta básica em São Paulo ficou em R$ 268,52. Em Porto Alegre, o preço chegou a R$ 264,63 e em Vitória, a R$ 256,12. As cidades onde a cesta ficou mais barata são Aracaju (R$ 185,88), João Pessoa (R$ 198,79) e Recife (R$ 202,03).

No acumulado dos quatro meses do ano, houve aumento de preço em 15 das 17 localidades, com as maiores variações em Brasília (6,27%), Florianópolis (6,05%), Vitória (5,83%). Em seguida aparecem Aracaju (5,69%) e o Rio de Janeiro (5,15%).

Nos últimos 12 meses, a maior variação ocorreu em Goiânia (14,87%). Logo depois vêm Fortaleza (13,57%), Florianópolis (5,37%) e Vitória (4,94%). Já as quedas mais significativas foram registradas em Salvador (-7,55%) e Recife (-5,80%).

O produto que mais influenciou a queda dos preços da cesta, em abril, nos locais pesquisados foi o tomate, com alta apenas em Porto Alegre. Em 13 localidades analisadas, a queda foi superior a 10%. A batata, pesquisada em nove capitais, teve alta em todas as localidades. A maior foi em Curitiba (43,41%) e só em Goiânia o aumento foi menor do que 10% (9,09%).

A carne teve alta em nove cidades, sendo a maior em Natal (2,82%), e redução em oito, com destaque para Porto Alegre (-1,65%). O arroz registrou aumento em Natal (1,72%) e em Salvador (1,62%), mas em 11 cidades a variação foi negativa, com as maiores quedas no Rio de Janeiro (-4,98%), em Porto Alegre (-4,49%) e Brasília (-4,26%).



FHC - O Presidente que teve vergonha de ser brasileiro

Por Alexandre Braga - Jornalista


Foi com essa frase que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu a privatização da Petrobras e da Caixa Econômica Federal enquanto estava alojado no Palácio do Planalto. A desculpa para entregar a Caixa a preço de banana era que o Brasil não precisava de dois bancos federais. Mas, felizmente, a Petrobras e nem a Caixa não foram ceifadas pela política neoliberal implantada pelos tucanos no Brasil, diferentemente das empresas Vale do Rio Doce, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e o Sistema Telebrás, que foram vendidas a preço de banana.

Hoje, com anúncio da descoberta do pré-sal e com a inserção do Brasil entre os maiores produtores de petróleo do mundo, foi constatado mais uma vez que a política das privatizações foi um verdadeiro desastre e um crime contra a nação. FHC e sua política neoliberal foram praticamente enterrados com a crise financeira mundial, causada justamente pela falta de controle do mercado financeiro, fortalecendo a tese de que o Estado não pode abrir mão de tudo como defende os tucanos.

Agora, voltando ao pre-sál, já pensou se a Petrobras fosse vendida como queria FHC? O Brasil não teria condições alguma de explorar o pré-sal. Hoje, com toda infraestrutura e o avanço tecnológico que a Petrobras alcançou, vamos aguardar cerca de 12 anos para colhermos os primeiros frutos da extração da lama negra da reserva Tupi. Só para se ter uma ideia, o volume de petróleo é tão grande que, inclusive, será criada a Petrosal, para auxiliar a Petrobras na extração do combustível.

Certamente, com a venda da Petrobras, o primeiro barril de petróleo seria retirado pelo governo só daqui a uns 100 anos. E poderia ser pior ainda, se a Petrobras fosse realmente vendida, todo o petróleo do pré-sal sem dúvida ficaria nas mãos de multinacionais, já que a empresa não pertenceria mais ao governo, e, sim, à iniciativa privada e, com certeza, elas encontrariam as reservas do pré-sal.

Outro fator que favoreceria a rasteira no Brasil é a Lei do Petróleo, feita no governo FHC, em que as multinacionais obtiveram autorização para extrair o petróleo no Brasil, pagando apenas os impostos e royalties para o governo, tarefa feita, até então, apenas pela Petrobras. Olhem só que absurdo: as multinacionais agora podem explorar o petróleo no nosso território e ainda vender para nós.

A sede tucana era tão grande para vender o patrimônio do povo brasileiro que FHC chegou a encomendar um estudo para uma empresa de publicidade dos EUA, no qual foi pago mais de U$ 200 milhões. Resultado: de acordo com o estudo, a Petrobras passaria a se chamar Petrobrax. A desculpa era a seguinte: melhorar a aceitação da empresa no exterior, facilitando a fala do nome Petrobras para os povos de outros países. Para FHC, Petrobrax soava melhor para os gringos; segundo o tucano, existia certa dificuldade de outros povos em falar Petrobras. É como se o McDonald’s, no EUA, a Volksvagem, na Alemanha, ou a Honda, no Japão, mudassem seus nomes apenas para agradar outros países. Mas, na verdade, a intenção era mesmo americanizar a Petrobras para privatizá-la, satisfazendo o estigma de colonizado de FHC.

FHHH (apelido dado carinhosamente pelo jornalista Elio Gaspari) só não implantou o novo nome (Petrobrax) porque a conjuntura política da época não admitia tal medida. Em seu segundo mandato, o presidente “colono” estava enfrentando uma onda de desgastes, e mudar o nome da maior empresa pública do Brasil naquele momento poderia acabar de enterrar seu governo.

A Petrobrax, como sonhou FHC, é a prova incontestável de sua vergonha em ser brasileiro e de um presidente que quis mudar o nome da Petrobras, empresa que é o símbolo maior e orgulho dos brasileiros, apenas para facilitar dicção de outros povos. Os seus vergonhosos discursos na ONU, feitos em outros idiomas, ignorando a nossa língua, e a vergonhosa comemoração dos 500 anos do Brasil, na qual ele sitiou Porto Seguro, excluindo os brasileiros da festa, são atitudes que mostram como a síndrome de colono estava tão impregnada em FHHH, aflorando sua total falta de respeito com a identidade nacional e consequentemente jogando nossa história na lata de lixo.

Infelizmente, no governo tucano, existia um tempo de submissão do Brasil, em que FHC era uma espécie de síndico em Brasília com missão de vender a máquina pública brasileira para a “metrópole”. "Ainda bem que FHC perdeu seu cargo de síndico em Brasília, porque se ele tivesse ficado mais um mês no governo, com certeza, os presidentes que o sucederão certamente seriam obrigados a pagarem aluguel para despacharem no Palácio do Planalto."


quarta-feira, 4 de maio de 2011

Al-Qaeda já agia sem comando de Bin Laden

Morte de saudita tira arma de propaganda, mas não capacidade operacional do grupo.

Ayman al-Zawahiri

Com Osama bin Laden fora de cena, cresce o debate sobre o futuro da organização que ele fundou e liderou por duas décadas, a Al-Qaeda. Para analistas, a ideologia irradiada pelo grupo a radicais de todo o mundo perde força sem a figura carismática do líder. No entanto, a morte do saudita, que já estava afastado do comando operacional da Al-Qaeda, teria pouco impacto na capacidade militar da organização.

O primeiro na linha de sucessão da rede terrorista é o egípcio Ayman al-Zawahiri. Ex-integrante da Irmandade Muçulmana, Zawahiri é o principal teórico da Al-Qaeda e, segundo os EUA, teria proposto a Bin Laden os ataques de 11 de Setembro. Além de "vice" do grupo, ele é também o número 2 na lista dos mais procurados do governo americano e estaria em território afegão.

Há ainda outras figuras importantes no "segundo escalão" da rede montada por Bin Laden. Khalid al-Habib é considerado um dos comandantes da rede terrorista no território afegão. No Norte da África, Abou Mossab Abdelwadoud comanda a Al-Qaeda do Magreb Islâmico, enquanto Nasser al-Wuhayshi teria o mesmo posto na Al-Qaeda da Península Arábica. O americano Adam Gadahn é um dos chefes da rede na Somália.

Segundo interrogatórios feitos na base americana de Guantánamo, divulgados há duas semanas pelo site WikiLeaks, Bin Laden passou o comando da Al-Qaeda a um conselho de jihadistas logo após o 11 de Setembro. A decisão teria sido tomada antes de ele se esconder nas montanhas de Tora Bora.

Para o analista Max Boot, do centro de pesquisa Council on Foreign Relations, de Washington, as "filiais regionais" da Al-Qaeda no Norte da África e no Oriente Médio já operavam de forma independente em relação a Bin Laden. "Sua morte é uma derrota simbólica, mas não fatal para a rede islâmica. No máximo, poderá levar ao declínio da Al-Qaeda e à emergência de outras organizações concorrentes."

Boot afirma que grupos como o Lashkar-i-Taiba, responsável pelos atentados de 2008 em Mumbai, ou o Taleban paquistanês, acusado de matar a ex-premiê Benazir Bhutto, em 2007, podem tentar preencher o espaço antes ocupado pela Al-Qaeda.

O jornalista britânico Jason Burke, autor de Al-Qaeda: a verdadeira história do radicalismo islâmico (Editora Jorge Zahar), concorda com a avaliação de Boot. Segundo ele, a Al-Qaeda foi criada para ser um "guarda-chuva" capaz de concentrar grupos radicais jihadistas que atuavam no mundo árabe nos anos 90.

"Isso funcionou por algum tempo, mas as principais organizações regionais - Al-Qaeda na Península Arábica, Al-Qaeda no Magreb e Al-Qaeda no Iraque - são independentes da liderança central", diz Burke. De acordo com ele, essas organizações tinham "raízes em aspectos locais e históricos específicos". "A aliança delas com a Al-Qaeda era, geralmente, uma questão semântica."

No entanto, o que fez de Bin Laden uma marca na política internacional foi menos sua capacidade militar e mais a habilidade do saudita em espalhar a mensagem do terror islâmico pelo mundo. Nesse aspecto, dizem especialistas, a morte do líder representa um importante revés para a Al-Qaeda.

Guerra de ideias. "O maior sucesso de Bin Laden foi fazer sua interpretação do Islã radical mundialmente conhecida", afirma Burke. Ele explica que, nos anos 90, havia outras formas de pensamento fundamentalista islâmico, mas, por meio da propaganda, o militante saudita conseguiu tornar a sua versão "dominante", criando uma "subcultura jihadista".

O psiquiatra forense Marc Sageman, que trabalhou na estação da CIA no Paquistão nos anos 80, afirma que a Al-Qaeda deixou de ser uma organização centralizada após os atentados do 11 de Setembro para se transformar em uma "fonte de inspiração" a radicais islâmicos, de bairros sunitas em Bagdá a cibercafés em Manchester.

Os atentados de Madri, em 2004, e de Londres, em 2005, cometidos por muçulmanos com cidadania europeia que nunca tiveram contato com a cúpula da rede de Bin Laden, seriam exemplos do novo papel da Al-Qaeda. O nome do livro de Sageman resume sua teoria: Leaderless Jihad ("Jihad sem líder", em tradução livre).

O analista Heni Ozi Cukier, da faculdade ESPM, de São Paulo, afirma que as questões ideológicas e operacionais do grupo terrorista não podem ser separadas. "Quem dá o poder à ideologia é a base, a organização", explica. "Os vídeos da Al-Qaeda distribuídos na internet tinham lições de islamismo, mas também de como montar uma bomba."

Fonte: AFP, NYT e Efe - O Estado de S.Paulo