sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O QUE O PETRÓLEO TEM DE BOM

Publicado na Coluna do Associado do Informativo da Associação dos Engenheiros da Petrobras - AEPET


Rio de Janeiro - 11-08-2010

O QUE O PETRÓLEO TEM DE BOM

A AEPET lamenta informar o falecimento do petroleiro José Sílvio Almeida, destacado profissional que, no dizer de Martinho Santafé, um dos seus vários admiradores, foi o `símbolo da quase perfeita integração entre as pessoas`. José Sílvio Almeida está na galeria dos Construtores da Petrobrás, hoje, a quarta petrolífera mais respeitada do mundo. Leia a seguir, o artigo `O que o petróleo tem de bom`, de autoria de Martinho Santafé, que, certamente, expressa o sentimento de familiares, amigos e colegas de trabalho de José Sílvio, que era sócio da AEPET.

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O QUE O PETRÓLEO TEM DE BOM

Martinho Santafé

Às vésperas de comemorar 33 anos de produção na maior província petrolífera do País, a Petrobrás perde um dos seus personagens mais emblemáticos dos que já atuaram nos primórdios da Bacia de Campos. E Macaé se despede de um símbolo da quase perfeita integração entre pessoas situadas entre o antigo e o novo cenário socioeconômico que se descortinou a partir do final dos anos 1970. Este conturbado período transformou a pacata cidadezinha praiana em um dos mais importantes polos petrolíferos do planeta.

A bem da verdade, a mal planejada instalação das bases de apoio da Petrobrás em Macaé só não foi mais traumática por causa de homens como José Sílvio Almeida, integrante da equipe de técnicos de alto nível que veio de Vitória para escrever uma história de sucesso que repercute até os dias atuais. História transformada em autêntica epopeia, com todos os seus ingredientes: tragédias, fracassos pontuais, sucessos traduzidos em incontáveis recordes e avanços tecnológicos que mostraram ao mundo a competência e a criatividade do trabalhador brasileiro.

Os pioneiros, como José Sílvio, abraçaram a causa do petróleo e de Macaé com intenso amor e um inquebrantável círculo de amizades, criando seus filhos nas esburacadas ruas da Praia dos Cavaleiros e matriculando-os nas raras escolas de qualidade.

A precariedade era tanta que o grupo, sob a liderança do incansável Ricardo Maranhão - engenheiro do extinto Colnor (Empreendimento para Construção do Oleoduto Norte Fluminense-Duque de Caxias), sediado em Cabiúnas -, decidiu criar uma entidade que os representasse junto ao poder público. Este, por sua vez, parecia não entender absolutamente nada do que estava acontecendo com a `Princesinha do Atlântico`. E muito menos do que estaria para acontecer.

No começo dos anos 1980, testemunhei um inusitado encontro de Maranhão, presidente da Associação dos Moradores da Praia dos Cavaleiros (Amcav), com o então todo-poderoso deputado Cláudio Moacyr. À noite, sob uma chuva fina, percorremos várias ruas escuras do bairro, desviando das poças d´água com dificuldade; Maranhão reivindicando várias obras, incluindo pavimentação e postes de luz que, se existissem, nossos sapatos não estariam completamente encharcados de lama no final do `passeio`.

Como não havia muitas opções noturnas, além de alguns bares mais agitados na orla de Imbetiba - onde pontificava o `Varandão` da família Torres de Castro -, os pioneiros se encontravam em descontraídos e incontáveis jantares, alguns deles animados pelo violão de João Carlos de Luca e a poesia nordestina de Alfeu Valença, primo-irmão de outro Valença mais famoso e que, já nos anos 1990, presidiu a Petrobrás.

Outros técnicos começaram a chegar e foram se integrando ao grupo. Lembro-me de alguns, como José Valmir, Paulo Nolasco e Paulo Roberto Costa, tendo este se casado com a macaense Marici e hoje é diretor de Abastecimento da Petrobrás. Todos criaram seus filhos em Macaé.

Este saudável processo de adaptação afetiva provocou, ainda nos anos 1980, a criação do Movimento Assistencial de Integração (MAI), do qual José Sílvio e a mulher Lílian participavam com entusiasmo. O MAI organizou as memoráveis Feiras de Integração, cujos resultados se concretizaram em sete creches que ainda atendem às famílias de menor renda em diversos bairros.

Há 31 anos em Macaé, José Sílvio trabalhou um tempo na Gerência de Óleo da Petrobrás, no Rio de Janeiro, mas retornou à cidade ao se aposentar. Ele e Lílian transformaram-se em empresários de sucesso, com lojas nos dois shoppings da cidade, e sempre tiveram o dom de iluminar as reuniões sociais que participavam.

Sinceramente, José Sílvio foi um dos homens mais educados e gentis que tive o privilégio de conhecer.

Outros pioneiros retornaram aos seus locais de origem, assumiram novas funções no concorrido mercado de petróleo e gás, mas de modo geral, ainda cultivam o afeto pela cidade que tão bem os acolheu.

Uma pena que José Sílvio não possa comemorar com Macaé e a Petrobrás os 33 anos de uma história que virou `case` de sucesso no mundo inteiro. Mas a sua assinatura estará para sempre gravada nas outras histórias bem sucedidas que ainda estão por vir.

E que serão muitas, com certeza...

11.08.2010


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