terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Rio deveria receber mais royalties, diz agora Gabrielli

São Paulo - Na direção oposta ao que vinha sustentando, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, mostrou-se nesta segunda-feira contrário ao sistema de distribuição de royalties aprovado pelo Congresso na semana passada.

- O Rio de Janeiro não é produtor, mas é onde está localizada a extração do petróleo, isso é verdade. Nesse sentido, eu acho que é justo que o Rio reivindique mais que os outros estados. Mas acho que a lei atual é muito concentradora para os estados onde está localizado a produção. Essa é a posição da pessoa física do José Sergio Gabrielli. Não é a posição do presidente da Petrobras. Para a Petrobras a situação é indiferente, ela pagará o mesmo volume de royalties qualquer que seja a distribuição - afirmou, após participar de evento promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em São Paulo.

Gabrielli já havia declarado considerar "injusta" a divisão dos royalties em que o Rio de Janeiro seria beneficiado em demasia em relação às outras unidades da federação.

Pela legislação aprovada pela Câmara e pelo Senado, os Estados produtores, como Rio de Janeiro e Espírito Santo, deverão dividir os royalties com os demais estados brasileiros. O rateio será feito de acordo com a receita per capita de cada região, de forma a beneficiar as cidades mais pobres. O projeto de lei ainda precisa passar pela sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para entrar em vigor.

'Para Petrobras, não há diferença'


Segundo Gabrielli, para a Petrobras não importa qual modelo será adotado.

- A Petrobras pagará os 15% de royalties, como manda a lei. A distribuição disso não tem efeito diferenciado para a empresa, porque ela não paga a um estado ou município, ela paga ao Tesouro Nacional - comentou.

Em relação aos investimentos, o presidente da estatal disse acreditar que as medidas anunciadas pelo Banco Central (BC) na semana passada para esfriar o crédito não interferirão nos negócios.

- Existem claras políticas para estímulo ao investimento. Haverá uma inibição do consumo, mas não do investimento. Mesmo com instrumentos como o compulsório, que afeta o crédito concedido pelos bancos, há o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que continuará financiando no longo prazo, e os fundos de direitos creditórios que estamos criando - argumentou.

O presidente da Petrobras também não vê risco de comprometimento dos negócios de seus fornecedores, embora não descarte algumas dificuldades momentâneas.

- Na medida em que acelerarmos nossos investimentos, certos estrangulamentos deverão aparecer. Se a velocidade (de crescimento dos investimentos) for muito alta, é possível que a indústria nacional não consiga acompanhar. Mas acho possível modular essa velocidade de forma que a indústria nacional acompanhe - explicou.

Gabrielli ressaltou que o setor industrial tem conseguido acompanhar a demanda da Petrobras e, muitas vezes, até superá-la.

O executivo continuou mantendo mistério sobre seu futuro a partir de 2011. Questionado se permaneceria no cargo no próximo ano, Gabrielli apenas informou que até 31 de dezembro não deverá ser demitido.

Combustíveis

Apesar da alta nos preços do petróleo no mercado internacional, a Petrobras não planeja repassar tão cedo o aumento para as bombas de combustíveis.

- Isso vai acontecer em algum momento, quando houver a expectativa de preço futuro internacional em um patamar definido, assim como a taxa de câmbio - comentou.

Para fixar o preço dos combustíveis no mercado doméstico, a Petrobras leva em consideração a taxa cambial, os preços internacionais do petróleo e seus derivados e o mercado interno, de forma que a relação entre preço no país e o internacional seja mantida, mas sem a volatilidade.

Fonte: O Globo

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